sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Poema da morte

Aos surdos que gritam, calai
Convertam seus ouvidos
Em silêncio de seus berros
que masturbam
seus medíocres corações.
Aos homens que correm, olhai
Os pássaros, o chão, velhos e crianças
e as árvores que crescem em jardins secos.
Aos santos que julgam, amai
As suadas mãos, as sandálias rasgadas
as cores dos homens e o chão,
pisado por doentes.
Aos loucos que choram, chorai
os torturados, oprimidos e enganados
de um solo selvagem
com covardes e valentes
De fogos apagados e chamas em sebo
Num mundo louco, vazio e demente.

Aos vivos que morrem, louvai
A morte da vida
e a vida da morte.

Louvai um culto de falência eterna
Louvai a morte, vivos, louvai!

Dá-nos a morte que nos livra da vida, Pai.

Pai nosso, que estás no céu,
santificada seja a nossa morte
Tira-nos a vida que nos mata vivos
Seja feito o pão da morte a cada dia.

Não nos deixa vivos, Pai.
Nós matamos uns aos outros.
E não morremos.

Nenhum comentário: