Aos surdos que gritam, calai
Convertam seus ouvidos
Em silêncio de seus berros
que masturbam
seus medíocres corações.
Aos homens que correm, olhai
Os pássaros, o chão, velhos e crianças
e as árvores que crescem em jardins secos.
Aos santos que julgam, amai
As suadas mãos, as sandálias rasgadas
as cores dos homens e o chão,
pisado por doentes.
Aos loucos que choram, chorai
os torturados, oprimidos e enganados
de um solo selvagem
com covardes e valentes
De fogos apagados e chamas em sebo
Num mundo louco, vazio e demente.
Aos vivos que morrem, louvai
A morte da vida
e a vida da morte.
Louvai um culto de falência eterna
Louvai a morte, vivos, louvai!
Dá-nos a morte que nos livra da vida, Pai.
Pai nosso, que estás no céu,
santificada seja a nossa morte
Tira-nos a vida que nos mata vivos
Seja feito o pão da morte a cada dia.
Não nos deixa vivos, Pai.
Nós matamos uns aos outros.
E não morremos.
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