domingo, 30 de setembro de 2012
Boa Noite
Então tá combinado:
um coquetel de cápsulas
meia hora antes de deitar
que é pra não ficar pensando
na morte que nos assombra
nas carnes expostas em açougues
no perfume de teus cabelos
na amante secreta de Bertold Brecht
- que trabalhava até tarde
numa estação de trem em Hamburgo.
Meia hora antes pra não pensar
nas asas dos abutres
no grito dos soldados
no eco das cordilheiras
no rosado de teus seios
nos camelos do Saara
na corda assassina
em torno de Herzog
no compasso do balé
no cheiro dessas ruas.
Pra não mais pensar
na lira dos anjos
no poema que Ricardo Reis
perdeu para um vento
- que o apanhou de surpresa
e o levou para sempre consigo -
nos santos das igrejas
em barcos à deriva
no piano de Villa-Lobos
nos riscos das flores e rios.
Pra não mais ficar pensando
na solidão dos astronautas
e dos condutores do metrô
na saga dos cavaleiros
no berro dos torturados
nas flautas andinas
nas cenas de Almodóvar
no porto de Gdansk
no teu ronco surpreendente...
combinado então: boa noite.
*Alvaro Barcellos
www.alvarobarcellos.com
poeta e letrista pelotense. Produz e apresenta o programa cultural Olhares, na RádioCom 104,5 FM todas as quintas-feiras, a partir das 21h.
[postado por Ediane Oliveira]
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Iluminação artificial
Devem-se evitar as lâmpadas oscilantes
que causam situações
de nervosismo
e pânico entre os frangos.
Querem voltar ao ovo
e não têm Édipo,
deve ser difícil.
O útero de cálcio
tão biodegradável tão
Não ter do que sentir saudade
enlouquece.
Lucía Bianco - Lucía Bianco nasceu em 1979 na cidade argentina de Punta Alta. Vive atualmente em Bahía Blanca, cidade do sul da Argentina que abriga um grupo de poetas que se destaca no cenário poético do país por sua relação extremamente livre e, no entanto, consciente com os debates poéticos (e ideológicos) que sacodem e entrincheiram a poesia argentina a partir da capital do país. Entre estes poetas, destacam-se Sergio Raimondi, um dos autores mais respeitados da poesia latino-americana contemporânea, o trabalho interessantíssimo de Mario Ortiz, e os poemas de Lucía Bianco.
Publicou os livros Preinsectario (Gog y Magog, 2003), Etiquetas de dulces (Cooperativa Editor El Calamar, 2004) - traduzido em sua totalidade por Angélica Freitas e editado de forma artesanal em 2006, por ocasião da última leitura de Lucía Bianco no Brasil, e ainda a coletânea Diario de exploración afuera del cantero (VOX, 2006), da qual publicamos aqui dois poemas.
que causam situações
de nervosismo
e pânico entre os frangos.
Querem voltar ao ovo
e não têm Édipo,
deve ser difícil.
O útero de cálcio
tão biodegradável tão
Não ter do que sentir saudade
enlouquece.
Lucía Bianco - Lucía Bianco nasceu em 1979 na cidade argentina de Punta Alta. Vive atualmente em Bahía Blanca, cidade do sul da Argentina que abriga um grupo de poetas que se destaca no cenário poético do país por sua relação extremamente livre e, no entanto, consciente com os debates poéticos (e ideológicos) que sacodem e entrincheiram a poesia argentina a partir da capital do país. Entre estes poetas, destacam-se Sergio Raimondi, um dos autores mais respeitados da poesia latino-americana contemporânea, o trabalho interessantíssimo de Mario Ortiz, e os poemas de Lucía Bianco.
Publicou os livros Preinsectario (Gog y Magog, 2003), Etiquetas de dulces (Cooperativa Editor El Calamar, 2004) - traduzido em sua totalidade por Angélica Freitas e editado de forma artesanal em 2006, por ocasião da última leitura de Lucía Bianco no Brasil, e ainda a coletânea Diario de exploración afuera del cantero (VOX, 2006), da qual publicamos aqui dois poemas.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Livros do Éter
Livros são que nem pássaros em gaiolas;
se lidos e trancados em um armário,
eles não alçam vôo e não chegam
a outros seres sedentos de saber.
Ler os livros e doá-los
a quem não pode comprá-los,
é fazê-los voar pelo conhecimento
e, depois, levá-los à mente humana.
Nada mais lindo do que um pássaro
voando pelo éter...Assim como o livro
que vai pousar de mão em mão
semeando liberdade de expressão
Só quem tem conhecimento tem poder.
Jorge Braga
Poeta, escritor e ativista cultural pelotense. Publicou: REFLEXEÇÕES – UM BREVE INSTANTE NO TEMPO. Crônicas e poemas, 2004. AMORES HAVIDOS, crônicas e poemas, DEDÉ BUSCA-PÉ E OS MORANGOS. história infanto-juvenil, 2005. DEDÉ BUSCA-PÉ E O REFLORESTAMENTO, história infanto-juvenil, 2007, e DESPERTAR POR POESIA, crônicas e poemas, 2011. Em 2005, o Estado do RS concedeu-lhe o título de “Personalidade da Cultura Gaúcha”, por ter cedido seus livros para impressão em Braile. Em 2006, a convite do Instituto Estadual do Livro – IEL, seus livros foram integrados ao Projeto Autor Presente, marco significativo na divulgação da literatura e da cultura no Estado RS, pelo qual tem promovido palestras em escolas da capital e do interior.
[postado por Daniel Moreira]
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Nós, e a discordância
Sou-te, então.
Solte a minha mão.
Solte, não.
Volte, apague o vão.
Molde, o teatro no chão.
Sou-te, agarro a tua mão.
Sou-te, então.
Andréia Pires
desolaseasas.blogspot.com.br
[Postado por Ju Blasina]
Solte a minha mão.
Solte, não.
Volte, apague o vão.
Molde, o teatro no chão.
Sou-te, agarro a tua mão.
Sou-te, então.
Andréia Pires
desolaseasas.blogspot.com.br
Mestre em História da Literatura, professora e jornalista, Andréia conta andar às voltas com a literatura, com a educação, com a comunicação e com a pesquisa em relação a isso tudo. Recentemente, lançou o livro "De solas e asas"- para conhecer melhor o trabalho dessa escritora rio-grandina, acesse o belo blog dela.
[Postado por Ju Blasina]
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Seu Moço
Você me faz perder o juízo
me desvia do bom caminho
na minha cabeça ressoa um guizo
me afasto da flor, quase toco o espinho...
Me sinto como uma menina má
ou uma mulher devassa
vivendo no mundo de lá
enquanto o desejo por você näo passa...
Desejo, fogo, calor, tesäo, paixäo
dê o nome que você quiser
pois näo lhe fala o meu coraçäo
e sim minhas curvas de mulher...
Vem! a minha geografia femenina
quer ser explorada por suas mäos, sua boca
hoje só você tem a medicina
para curar este desejo que me deixa louca...
Insana, profana, engana, fulana
ansio sentir sua espada alçada
agora, neste instante, na próxima semana
penetrando minha carne molhada...
O meu alto e baixo-relevo
se descobrem para você
e me transformo em enlevo
e me entrego a sua mercê...
Esqueça a vida lá fora. Vem seu moço!
pois é entre as minhas pernas
que ansio ter seu rosto e dar-lhe o meu gosto
Vem! Abandone esta vida de casernas!
Aqui lhe esperam os meus orifícios
umedecidos, o meu Monte de Vênus
conheça o meu melhor dos ofícios
escondido entre vocábulos ocultos, obscenos...
A minha camisola vermelha
já repousa aos meus pés
todo o meu corpo é centelha
querendo lhe mostrar o seu revés...
Axinia Veiras Martins
jornalista pelotense, radicada em Vilademat, Catalunha
postado por [valder]
me desvia do bom caminho
na minha cabeça ressoa um guizo
me afasto da flor, quase toco o espinho...
Me sinto como uma menina má
ou uma mulher devassa
vivendo no mundo de lá
enquanto o desejo por você näo passa...
Desejo, fogo, calor, tesäo, paixäo
dê o nome que você quiser
pois näo lhe fala o meu coraçäo
e sim minhas curvas de mulher...
Vem! a minha geografia femenina
quer ser explorada por suas mäos, sua boca
hoje só você tem a medicina
para curar este desejo que me deixa louca...
Insana, profana, engana, fulana
ansio sentir sua espada alçada
agora, neste instante, na próxima semana
penetrando minha carne molhada...
O meu alto e baixo-relevo
se descobrem para você
e me transformo em enlevo
e me entrego a sua mercê...
Esqueça a vida lá fora. Vem seu moço!
pois é entre as minhas pernas
que ansio ter seu rosto e dar-lhe o meu gosto
Vem! Abandone esta vida de casernas!
Aqui lhe esperam os meus orifícios
umedecidos, o meu Monte de Vênus
conheça o meu melhor dos ofícios
escondido entre vocábulos ocultos, obscenos...
A minha camisola vermelha
já repousa aos meus pés
todo o meu corpo é centelha
querendo lhe mostrar o seu revés...
Axinia Veiras Martins
jornalista pelotense, radicada em Vilademat, Catalunha
postado por [valder]
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Mundo grande
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.
* Drummond
[postado por Ediane Oliveira]
A Chuva
A tarde bruscamente se aclarou,
porque já cai a chuva minuciosa.
Cai e caiu. A chuva é só uma coisa
que o passado por certo freqüentou.
Quem a escuta cair já recobrou
o tempo em que a fortuna venturosa
uma flor lhe mostrou chamada rosa
e a cor bizarra do que cor tomou.
Esta chuva que treme sobre os vidros
alegrará nuns arrabaldes idos
as negras uvas de uma parra em horto
que não existe mais. A umedecida
tarde me traz a voz, a voz querida
de meu pai que retorna e não é morto.
Jorge Luis Borges
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Ninguém me canta como você
ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você
Alice Ruiz
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você
Alice Ruiz
[Postado por Daniel Moreira]
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Poder
As pessoas precisam de Fios
Escritores, heróis, estrelas,
dirigentes
Para dar sentido a vida
O barco de areia de uma criança virado
para o sol.
Soldados de plástico na guerra suja
em miniatura. Fortalezas.
Navios de Guerra de Garagem.
Rituais, teatro, danças
Para reafirmar necessidades Tribais & memórias
um chamamento para o culto, unindo
acima de tudo, um estado anterior,
um desejo da família & a
magia certa da infância.
Jim Morrison
Postado por Ju Blasina
domingo, 16 de setembro de 2012
Antes do nome
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”,
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Adélia Prado
Postado por [Valder]
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”,
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Adélia Prado
Postado por [Valder]
Eu te darei o meu tesouro
Eu te darei o meu tesouro
Eu te darei o meu tesouro
Mas não são os sapatos empoeirados debaixo da cama
Nem as moedas do tempo da avó
Ou as varetas de guarda-chuva
Eu te darei o meu tesouro
Eu te darei o meu tesouro
Mas não são os anéis que nem tenho
Tampouco diamantes que jamais vi
Nada que caiba em algum cofre
Eu te darei o meu tesouro
Eu te darei o meu tesouro
Então fique atenta para encontrá-lo em toda parte
(Porque não o guardo)
Está sempre iluminado por uma luz dourada
Ou sob um manto negro bordado de estrelas
No incenso doce de acácia saindo da chaminé
numa noite de primavera
Nas pedras da curva do rio
Melodias dos pássaros
Quando o céu se encher de nuvens, em brados
Aí está o meu tesouro
nas gotas unindo-se à terra
Nas pinturas do pôr do sol
A cada inflar de pulmões
Aí está o meu tesouro
Na riqueza de existir
Em cada momento.
*Felipe Nobre é baterista de uma das melhores bandas que conheci em Pelotas: Mato Cerrado. Possui o rock'n roll, o blues, o jazz e otras cositas más em sua alma musical. A poesia sempre esteve junto. Tive o prazer de ser a primeira a receber seus poemas outrora engavetados. Espero que venham mais.
[postado por Ediane Oliveira]
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Lugar algum
Minha casa fica na esquina no fim do beco,
em lugar algum
Quando tenho frio,
me cubro de pensamentos
porque eles me aquecem
Pulando a janela do contexto
e seguindo uma trilha de saibro,
chega-se a um córrego de esperança
que só consegue enxergar
aquele que é da vizinhança
Lena Fuão é poeta e natural de Rio Grande.
em lugar algum
Quando tenho frio,
me cubro de pensamentos
porque eles me aquecem
Pulando a janela do contexto
e seguindo uma trilha de saibro,
chega-se a um córrego de esperança
que só consegue enxergar
aquele que é da vizinhança
Lena Fuão é poeta e natural de Rio Grande.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Onda
Eu, fragilmente humano,
Olho e ouço as ondas que tocam o céu
Entre o horizonte e o firmamento
Foram tantos pensamentos
E verdades que já fui
Eu sou mesmo é como a onda
Cruzando o tempo-espaço sob a luz da lua
Procurando ver no dia a cara tua
A me olhar...
A me olhar como olho agora
A linda onda que em ti se aproxima
A deslizares para o encontro com minha retina...
Ao molhar meu corpo quando chegas devagar
Preciosa onda
De onde vens, não interessa
Eu não tenho pressa
De sair do mar.
Entre o horizonte e o firmamento
Foram tantos pensamentos
E verdades que já fui
Eu sou mesmo é como a onda
Cruzando o tempo-espaço sob a luz da lua
Procurando ver no dia a cara tua
A me olhar...
A me olhar como olho agora
A linda onda que em ti se aproxima
A deslizares para o encontro com minha retina...
Ao molhar meu corpo quando chegas devagar
Preciosa onda
De onde vens, não interessa
Eu não tenho pressa
De sair do mar.
Duda Keiber
Cronista, poeta, produtor cultural e um grande irmão! Recentemente lançou o livro ''Potchua Babulenka'' Crônicas do tempo das coisas, financiado pelo Procultura - edital 2011. Segundo Alexandre Mattos, ''Duda Keiber é um transeunte-observador dos pequenos detalhes do cotidiano, com uma antena cravada na praia do Laranjal, seu lar-refúgio.''
[Postado por Daniel Moreira]
terça-feira, 11 de setembro de 2012
simplesmente isso
um dia e outro escritos pelo destino
folhas dele caindo
e a gente
espantando-se que tenha sido assim
a gente boquiaberta
pesadelo ou quase
a vida a mudar o rumo
apenas isso
doença e morte
um suspiro profundo
os olhos mais chorosos hoje do que ontem de tarde
a vida a levar o seu rumo
nada de mais
Maria de Fátima Santos
Fátima é portuguesa, avó -e, consequentemente, mãe. Faz poemas, além de outros escritos e artes com traços e cores diversas. E em todas essas coisas (e acredito que em outras mais) faz sobrar talento! Recentemente, teve seu conto "José Augusto" premiado no concurso Novos Talentos FNAC. Devo dizer: gosto muito dessa mulher - e tem como não?
Postado por Ju Blasina
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Centauro no jardim
Era domingo
plátanos no caminho
a manhã
amanhecia
o sol
"ensolecia"
e o dia
“diava”...
Nenhuma preocupação.
a cama
"camava"
a alma
"almava"
e a alegria vinha.
tudo sentido. tudo anotado.
as línguas, linguavam (hummmm).
olhar e ver, como quem não quer nada
um centauro no jardim.
Ana Lúcia Almeida
postado por [valder valeirão]
plátanos no caminho
a manhã
amanhecia
o sol
"ensolecia"
e o dia
“diava”...
Nenhuma preocupação.
a cama
"camava"
a alma
"almava"
e a alegria vinha.
tudo sentido. tudo anotado.
as línguas, linguavam (hummmm).
olhar e ver, como quem não quer nada
um centauro no jardim.
Ana Lúcia Almeida
postado por [valder valeirão]
sábado, 8 de setembro de 2012
Cárcere
Meu silêncio é triste
como uma lágrima
quente
descida de amargura
e pranto.
É negro
como a noite
que fica só
de madrugada
assistindo
a calma
da neblina.
É frio como um vale
de ossos
secos
sem luz.
Queima,
gritantemente,
dentro do peito
e lixa
a pele
por acalento.
Meu silêncio é agudo
como zunido
agoniante de paz
e retidão.
É presente
como a tristeza
da ausência
do sol
e a doença
de uma criança.
E na busca de mim mesma
meu silêncio sou eu
Face a face
com minhas palavras
Me dispo e me acolho
Me derramo e me amarro
Me lavo e me dilato
rogando
palavra por palavra
libertação.
[Ediane Oliveira]
como uma lágrima
quente
descida de amargura
e pranto.
É negro
como a noite
que fica só
de madrugada
assistindo
a calma
da neblina.
É frio como um vale
de ossos
secos
sem luz.
Queima,
gritantemente,
dentro do peito
e lixa
a pele
por acalento.
Meu silêncio é agudo
como zunido
agoniante de paz
e retidão.
É presente
como a tristeza
da ausência
do sol
e a doença
de uma criança.
E na busca de mim mesma
meu silêncio sou eu
Face a face
com minhas palavras
Me dispo e me acolho
Me derramo e me amarro
Me lavo e me dilato
rogando
palavra por palavra
libertação.
[Ediane Oliveira]
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Da dor que é dó
No pescoço
na altura
da garganta
eis que surge
uma bola
de ar
de saliva
de um não sei
o quê
que não sobe
nem desce
uma dor
que não se engole
uma bola
que
só
mais
cresce
ah, se eu pudesse
engolir
de todo
a dor
que é mais
tua que minha.
a dor
de quem se ama
deveria ser
também
de posse
nossa
mas não é.
a dor
da mãe é dó
por ser no filho
um nó
intransferível.
Por Ju Blasina: P+2T
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