Deixo contigo meu sangue
meus livros e minhas horas.
E a dor cansada na insônia
contra o lençol das demoras.
Deixo a paz que eu encontrei
mas me fugiu entre os dedos.
E a chave surda e sem uso
da gaveta dos meus medos.
Deixo perdido um poema
e não por esquecimento:
mas pra que um dia eu te encontre
na leve pauta dos ventos.
Deixo contigo meu ventre
meus olhos, minhas entranhas.
E com mãos nuas, reflito:
- Perde mais quem hoje ganha?
Deixo contigo meus beijos
meu suor, meu desabrigo.
Deixo roupas, documentos.
De meu, nada irá comigo.
Deixo a sombra, de teimosa.
Deixo as fotos, deixo a casa.
Do poço mais infinito
só levo a alma, presa e rasa.
meus livros e minhas horas.
E a dor cansada na insônia
contra o lençol das demoras.
Deixo a paz que eu encontrei
mas me fugiu entre os dedos.
E a chave surda e sem uso
da gaveta dos meus medos.
Deixo perdido um poema
e não por esquecimento:
mas pra que um dia eu te encontre
na leve pauta dos ventos.
Deixo contigo meu ventre
meus olhos, minhas entranhas.
E com mãos nuas, reflito:
- Perde mais quem hoje ganha?
Deixo contigo meus beijos
meu suor, meu desabrigo.
Deixo roupas, documentos.
De meu, nada irá comigo.
Deixo a sombra, de teimosa.
Deixo as fotos, deixo a casa.
Do poço mais infinito
só levo a alma, presa e rasa.
*Jaime Vaz Brasil é psiquiatra e escritor. Diretor técnico e docente do Instituto Fernando Pessoa. Possui seis livros publicados e recebeu vários prêmios literários e em festivais de música. Dentre eles, o Prêmio Açorianos de Literatura e o Prêmio Felippe d'Oliveira. Alguns dos poemas foram musicados, e há dois livros com os poemas em cd: "Os Olhos de Borges", musicado por vários compositores, e "Pandorga da Lua", musicado por Ricardo Freire.
[postado por Ediane Oliveira]
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