sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lugar comum

Por essa porta
que bateste ao ir embora
Pelas linhas tortas
que traçaste ao te perderes

É pelo vão dos momentos de solidão
que eu entro na tua vida
Com a impressão de que estou saindo.

Marília Kosby
asangadaspatavinas.blogspot.com.br

Antropóloga e escritora, Marília é natural de Arroio Grande/RS. Com livros publicados em uma escrita muito particular e penetrante, sua obra se dedica a poesias simples, curiosas e intensas. 

[postado por Ediane Oliveira]

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Na esquina

Mares, mares, malabares
O artista lança objetos pelos ares
nas ondas verdes e vermelhas dos semáforos
E a multidão motorizada e apressada
nem tem tempo de perceber,
além de seus próprios mundos,
que embalas teus sonhos pelos ares
e, enquanto encantas, sonhas
nas ondas vermelhas e verdes das sinaleiras
mares, mares, malabares

Lena Fuão

Poeta natural da cidade de Rio Grande (RS).

[postado por Gabriel Borges da Silva]

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bem-Amor

*Para Ariane Moraes
Encontrei alguém
Lindamente assim
Surgindo no olhar
Sorrindo pra mim

Encontrei meu bem
Na porção mulher
E perguntei à flor
Se esse bem-me-quer

Ela respondeu
Viva essa verdade
Pois tudo que vem
Desse tal alguém
Traz felicidade

Encontrei o amor
Não foi ilusão
Levou minha dor
E me deu paixão

Encontrei razão
Pra sentir saudade

Pois longe da flor
Do meu bem-amor

Tudo que é inteiro
Vira só metade

Encontrei
Muito mais além
Do que o amor de um bem

Encontrei também
O meu bem-amor...

Vinícius Kusma

Natural de Pelotas, poeta, fotógrafo e historiador. 

[postado por Daniel Moreira]

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Poema perdido em noite de amor


Pra ti serão todos os meus poemas.
Todos os meus ais
Todos os lamentos
Todos os momentos
Felizes ou não.

Pra ti serão todos os meus sorrisos
E todo o meu siso
E até a moleza
Do meu despertar.

Pra ti serei fogo
E ar.

Pra ti serão todos os meus poemas.
Todas as palavras
Todos os mitemas
Todos os grafemas
Do meu poetar.

Giliard Ávila Barbosa
ocasmurro.blogspot.com.br

Natural de Rio Grande, escreve desde pequeno aquilo que chama de pseudopoemas. Formado em Letras e mestrando em História da Literatura pela Furg, estuda relações entre mito e literatura. Além de vir publicando alguns artigos no tema, dá aulas de Literatura em projetos universitários e atua no grupo de teatro O Flato do Gato, dirigido por Geraldo da Silva. Sempre que uma palavra lhe coça os ouvidos, vai para o blog OCasmurro, depósito do arteiro poeta.

[postado por Ju Blasina]

Delírio

Deliro! E em meu delírio, feito um doido, eu pressinto
Que hoje me encontro sob as regras de outro plano
Onde só digo a verdade - na verdade - quando minto
Onde o tempo não existe e a vida é um grande engano

Um minotauro corre a esmo em seu infindo labirinto
Temeroso de encontrar, outra vez, um ser humano
Há milênios não compreende seu destino desumano
De viver em um pesadelo e morrer por ser distinto

Fera ou homem? Neste quadro em que eu me pinto
Pouco importa. São tão iguais logo após cair o pano
E se eu sou ambos, toda a dor que imponho e sinto

É duplicada pelo espelho, onde vejo um ser extinto
Quero voltar à realidade, mas é tarde!... o cotidiano
É um vampiro confundido entre sangue e vinho tinto.


Martim Cesar
www.martimcesar.com.br

Natural de Jaguarão, RS, Brasil, fronteira com o Uruguai.

É autor dos livros "Poemas Ameríndios" e "Poemas do Baú do Tempo",
e da peça Don Quijote de la Mancha (adaptação da obra de Miguel de Cervantes)
e 'Dez sonetos delirantes e um Quixote sem cavalo'.
Co-autor dos trabalhos discográficos Caminhos de si, Maria Conceição canta Martim
César e Paulo Timm
e Canções de a(r)mar e desa(r)mar, além de letrista conceituado
e vencedor de diversos festivais.

[Postado por Valder Valeirão]

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O fim


Por trás dessa pele melanina ilumina
Rastro infiltrante de dor se inclina
Agudo, de repente, se faz presente
Como rasgo de plano
Na mente
E aqui
E só eu sei o quanto dói
E destrói
A pele, o fogo, a palavra,
O toque
Que enfoque
Em tudo que ainda resta
Se resta, lentamente, e só
Que me faz não entender
A força que se tem
Daquilo que nunca se terá
Em mais ninguém.


Ediane Oliveira
[Pétala e Lama] www.diidiss.blogspot.com

Pensando nos pais

E o vento assopra as emoções.
[cheias de contradições,
elas parecem voar.

Chegam no colo seu
[desvencilhadas do adeus
que você procura dar.

É ler um jornal.
Numa conversa informal.
E seguir rumo ao Areal
que começo a pensar nos dias melhores.
Ou piores, sei lá.

O jogo começou.
O adeus não me intimida,
cria uma casca na ferida:
um dia vai cicatrizar!




Gabriel Borges da Silva
http://poesiagabrielborges.blogspot.com.br/

quarta-feira, 20 de junho de 2012

[in] conforme

Não espere pelo tempo
Ampulheta digital
Minada de pensamentos
Grãos de areia
Que se vão

Deixe que tuas ideias escorram
Pela fenda central
E verás o quanto é bom
Poder voar sem medo
Longe do sossego
De uma sala de apenas estar

Não se acomode
Nem se conforme jamais.


Daniel Moreira

terça-feira, 19 de junho de 2012

Do poeta

O poeta é um sujeito
estranho que sofre
secretamente agradecendo à [má?]
sorte que o leva a escrever algo
maior que as pequenices vividas

E ao concluir a árdua tarefa
de lapidar dores em versos
talhados para que pareçam piores
ou melhores, mas sempre distantes
da realidade ele expressa:

"Eis um novo poema
e isso é tudo
o que mais (?)
me importa (?)
nesse mundo de merda"

Se o poeta mente (?)
sempre e mais
para si mesmo
não o faz por maldade
talvez por indiferença

Ou talvez ele apenas
não saiba como
suportar verdades
tão fatais e alheias
aos sonhos

Pois por pior que sejam
os poetas e os sonhos
são ambos feitos
da mesma matéria
saibam eles ou queiram ou não.

Ju Blasina

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Tenho cá em meus botões
que é na concepção
que temos a essência da loucura.

Nada além de nós mesmos
habita esse caminho
a vida é o que quisermos...

no mais,
tudo pulsa ao redor
num free inesperado.

Valder Valeirão
www.biografiadosujeitooculto.blogspot.com.br

domingo, 17 de junho de 2012

insônia

escrever-te
é aliviar esse clamor
ardente chama
escarlate cor

que range
tua falta tão presente
cáspide
encarecidamente

neste corpo
saudoso
dessa tua boca
agressiva
infetuosa
que mata.

vem
em tua gravidade furiosa
tua cólera voraz
teu ânimo insano

dentro
em pranto

e banha meus ossos
como se eu
não existisse
ao amanhecer.

nina teu jeito de menino
com teus negros cabelos
-virgens
enrolados em meus dedos
-cravados
que correm
em tua face

e escrevem poesias
invisíveis
em tua cabeça

fixa meu par de pernas
em tua cintura
essa pulsante tremura
de ouvir uma canção
e te imaginar
em uma cena
com dois amantes

desesperados.

são essas lembranças
sufocadas e irreais

que corroem

são esses urros
costas salivadas

que rasgam

é essa tua pele
salgada
e é teu não explicar

que arde

é a ácida força
é essa ousadia
de me fazer tua odre
ao menos por segundos

que me faz cair em mim

e querer te cortar
em pedaços
e enviar para o espaço

a qualquer planeta
que não me exista

a qualquer mar
que não chegue
até mim
a qualquer caminho
sem fim

a qualquer árvore
sem fruto
a qualquer mundo
sem absurdo

a qualquer corpo
que
não
seja
mais
o meu.


Ediane Oliveira

Vide como estão as flores

Vide como estão as flores.
Exuberantes como não de costume.
Continuam exalando o perfume.
Mascarando a existência das dores.

Façamos um brinde à cólera.
Festejemos a conquista da burguesia.
Confraternizemos a santa ignorância,
Mas não esqueçamos
Que tudo está em forma de alegria.

O que é a bossa?
O que é o samba?
- Já disseram que ninguém se atreve a dizer,
Que já perderam a esperança.

Vida a dois.
Vida a três...
Vida só.

Vida talvez,
[como um jogo de xadrez]
entre nós.

O noticiário traz a informação.
O homem pode ser inocente,
Quem garante que foi feita a ação?
E isso já é a opinião de muita gente.


Gabriel Borges

Além da esquina

Existe um lugar
Além da esquina
Onde vive um pensamento
Perambulando noite e dia

Existe um motivo
Mais que intuitivo, eu penso
Reticências entrepostas nos semáforos
Exclamação no meio de um sorriso

Existe um espaço
Uma lacuna no céu escuro
Um pedido em cima do muro
O meu desejo batendo a porta

Existe um silêncio
Que vive além dos teus lábios
E conta as mesmas histórias
Todas as noites antes de dormir.


Daniel Moreira

Versos narrados numa madrugada silenciosa

E eis que na calada da noite
bateu nela uma puta
saudade dele.

Irônia... calada por não ter com quem falar
e quando, há pouco, tinha
não sabia o que dizer.

Não que todo dizer seja necessário.
alguns silêncios são fundamentais, mas a maior
parte deles a deixa constrangida.

Olhou a hora no relógio do computador.
era tarde, tarde demais para sentir
saudades? não. Tarde demais para ligar

por conta disso.
deitou-se na cama sozinha
a pensar no que diria, se ligasse

diria o óbvio
e a saudade continuaria no mesmo lugar
mas ele, sabendo dela, talvez não.

Ah, a maldita expectativa de um roupante
romântico, um furor que só existe na ficção
escrita por alguém que usa palavras idiotas

feito 'roupante' e 'furor'. só queria
que ele saísse de onde quer que estivesse
[em casa, sozinho, esperava ela] e se materializasse ali

mesmo que fosse para ficar
naquele silêncio constrangedor. percebia
agora: até do silêncio dele tinha saudades!

Desde que passaram a estar
juntos tinha essa melancolia sempre
que se via sozinha

e nessa noite, leu algo que a fez maior
e então não ligou. curtiu o silêncio à distância
e o que mais a saudade pudesse fazer crescer.


Ju Blasina
e se eu fosse direto ao ponto

se não gozasse também 

ao transcorrer tuas veias
nos olhos cerrados
nas pernas tremendo

se não estivesse no éter 

não molhasse teus olhos
não abrisse teu riso
não apertasse o teu ventre

se eu fosse direto ao ponto

se só pensasse em mim
não louvaria tua pele rubra
teus peitos macios
teu dorso de fada

se não comesse com os olhos
não brincasse de vento
não sonhasse com a luz
não arranhasse o momento

e se eu fosse direto ao ponto


se não estivesse em mim
muito antes de estar em ti
e sermos tanto?



Valder Valeirão
biografiadosujeitooculto.blogspot.com.br

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Revista Seja foi lançada no dia 06 de Abril de 2010 com o objetivo de divulgar e promover a arte e a cultura através da participação de colaboradores na sua construção. Utilizando a plataforma Blogspot, a Revista Seja desde o seu início contou com entrevistas, crônicas, opiniões, vídeos e muita poesia. A última postagem da primeira fase da Revista Seja foi no dia 30 de Outubro de 2011.

Depois de sete meses na geladeira virtual a Revista Seja volta com outra cara, agora o foco fica totalmente voltado para a poesia. Outra mudança que será notada pelos leitores é que nesse novo formato a Revista Seja passará a ser editada e construída por cinco poetas/editores e não só por um poeta/editor como antes.

O novo time da Revista Seja:

Cada poeta/editor ficará responsável por um dia da semana. Uma semana por mês as publicações serão de poemas próprios dos autores e nas três semanas seguintes, os poetas irão publicar poemas de outros autores do Brasil e do mundo.

A Revista Seja retorna no dia 18 de Junho de 2012 em um novo momento, tornando-se um novo espaço para a poesia contemporânea.

Equipe Seja